17/01/2013

Entrevista para Famosidades

RIO DE JANEIRO - Longe de um folhetim inteiro há quatro anos, quando colocou Flora na galeria das vilãs inesquecíveis, Patrícia Pillar retornou ao vídeo na pele de outra mulher detestável.
Apaixonada por novela de época, a atriz conta que a história e a equipe foram fundamentais na hora de lhe fazer aceitar o convite para viver a Constância de “Lado a Lado”. 

Nesse meio tempo, ela recebeu inúmeros convites para voltar a atuar, mas só aceitou fazer algumas participações especiais em produções globais. O motivo? “Uma produção desse tipo toma um ano inteiro. Eu gosto de variar, fazer outras coisas quando me despeço de um personagem assim”, contou ao Famosidades.

FAMOSIDADES - Você estava longe das novelas desde “A Favorita”. O que te levou a aceitar o convite para “Lado a Lado”?

PATRÍCIA PILLAR - Várias coisas. A equipe técnica que é sensacional, grandes amigos e profissionais muito talentosos. A gente sabe que a coisa vai ser de uma beleza... E o texto! Quando você tem uma história boa para contar, algo que vale a pena ser dito, um personagem interessante é o que nos levar a dizem sim.

Entre “A Favorita” e “Lado a Lado”, você fez pequenas participações em novelas e seriados. Foi uma opção ficar tento tempo longe de um folhetim inteiro?
Eu nunca pego um trabalho tão longo assim que eu termino uma novela. Uma produção desse tipo toma um ano inteiro. Eu gosto de variar, fazer outras coisas quando me despeço de um personagem assim.

Então, quando acabar “Lado a Lado” a gente vai ficar um tempo sem te ver...
Talvez. É possível que sim. [Risos]

Estava com saudade da fazer uma novela de época?
Eu adoro, né? Essa é uma ex-baronesa, o que muda tudo. A outra baronesa que eu fiz era do campo. Eram outras questões. Essa é bem diferente. É aquela da cidade, que perdeu tudo com o fim da escravidão. Ela não tinha mais empregada, as terras se foram. É uma família em declínio financeiro e isso desestrutura completamente a família, que busca ocupar aquele espaço novamente.

Você está com o cabelo curto e na novela um cabelo enorme. Como é esse processo de transformação diário?
Demora um pouquinho. Novela de época é sempre mais trabalhosa. Começou com duas horas, agora a gente leva uma hora e meia para ficar pronta. Eu adoro fazer de novela época. Mas, tudo demora. O figurino é complexo. É uma riqueza de detalhes enorme. Tem uma blusa que tem doze tipos de renda. Mas é muito gostoso fazer uma caracterização de época. É bastante trabalhoso, mas não deixa de ser uma delícia.

Algum cuidado especial para as madeixas?
Não, porque na verdade eu uso bem pouquinho do meu cabelo. E o cuidado acaba sendo normal. As roupas é que são lindas de morrer. São muitas camadas. É a parte de baixo, o espartilho, camiseta por baixo, daí vem a anágua, por cima da anágua vêm a saia, por cima da saia vem tules, mais saias, cada coisa linda. Rendas e rendas fabricadas, que você não vê a costura.

No vídeo, parece que são roupas pesadas. É desconfortável o figurino de época?
Você sabe que não. Elas não pesam. São tecidos leves, confortáveis. Dessa vez, não tem armação porque já não é mais da época da armação. Só é quente. Na externa, a gente sofre um pouquinho. Mas no estúdio é ótimo porque a gente não morre de frio.

Falando da sua personagem, como você avalia a forma como a Constância vê a vida?
Na verdade, o interessante nisso tudo é que a Constância pensa de uma maneira que você vê gente pensando até hoje. Nos dias atuais, tem muita gente que pensa como ela. A novela fala muito do nascimento da mulher moderna. Tem uma filha da aristocracia e uma filha do povo representando esse olhar para o futuro, esse olhar que gerou a mulher dos dias de hoje. Ao mesmo tempo, a Constância também representa o nascimento de uma parte da nossa elite, não toda, mas uma parte. A parte que é egoísta, que não tem nenhuma sensibilidade social, que a gente sabe que existe. Muita gente conhece pessoas assim e sabe que elas estão aí até hoje. São pessoas que querem resolver tudo nas internas.

A Constância interfere na vida dos filhos, do marido, das irmãs... Você também é do tipo que se mete na vida das pessoas mais próximas?

De jeito nenhum. A Constância faz uma coisa que eu abomino, que é dizer para tal pessoa não fazer tal coisa. Não se diz isso. Se eu souber que alguém precisa de ajuda, eu diria: “conta comigo”. Experiência a gente não ensina.

E você permite que seus amigos, por exemplo, lhe façam isso com você?
Não acho a melhor maneira de ajudar ninguém. Você pode questionar, indicar um caminho... A Constância ela decide pelos outros.

Você teve alguma Constância em sua vida? Alguém que quisesse impor sua vontade?
Graças a Deus, não. Tive pais maravilhosos que me deram total liberdade. Me protegeram, cuidaram de mim, mas me deram espaço para ser quem eu sou. Nunca ninguém me podou. Agradeço a eles muitíssimo.

Através da Constância a gente pode discutir a falta de privacidade que é algo tão polêmico nos dias atuais...

A falta de privacidade de que a gente reclama hoje começou naquela época, com a Constância. Com ela não existe privacidade. Ela entra nos quartos dos filhos, mexe nas gavetas, fuça tudo. Ela ama os filhos e acha que tem todo o direito de se intrometer na vida deles. Claro que tudo isso é absurdo, mas fazer o quê?

Qual é sua opinião sobre a classificação indicativa?

Acho que devemos sempre seguir pelo lado do bom senso. De todos os lados. A emissora deve ter o cuidado com as produções e seus horários, os pais precisam ter controle sobre o que seus filhos assistem...O que não podemos é aceitar é nenhum resquício de censura.

As pessoas ainda falam muito da Flora...

Falam como falam da Luana do “Rei do Gado”. A gente passa muito tempo no vídeo, invadimos a vida das pessoas. Cada personagem por alguma razão marca mais determinada pessoa. Tem gente que batiza o filho com nome de personagem.

Tem algum personagem que te marcou mais?
A Zuzu Angel no cinema, a Flora, a Luana, a Laide de “Rainha da Sucata”, a Mereciana de “A Cabocla”. Eu tive muita sorte. No momento em que você está fazendo aquele personagem ele te amplia, te mostra caminhos, acrescenta algo à sua vida.

Você já disse que fica com alguma coisa dos personagens depois que acaba uma novela. A Flora acrescentou o que em sua vida?
O boxe. Comecei a fazer boxe quando estava compondo a personagem. Tenho feito menos porque dei um jeito na lombar, mas adoro boxe. Tenho um professor maravilhoso.

Você está com o corpo mais em forma. Foi dieta?
Não. Eu estou gostando de correr. Eu não gostava. Agora, eu tenho um cachorro que é um corredor que tem me estimulado. Devo ter emagrecido dois quilos. Dizem que corrida vicia e eu vou te falar que eu estou gostando muito. 

Qual o segredo da sua boa forma?
Água. Sempre bebi muito água. Me faz bem. Tenho prazer em beber água. Estou sempre com uma garrafa do lado. Agora, comer, eu como de tudo. Eu procuro não abusar porque eu não gosto de academia. Tenho uma esteira em casa que eu uso para fazer ioga, alongamento.

Como você enxerga a passagem do tempo?
A natureza é sábia. É dia a dia. A gente vai se acostumando. Eu me prefiro hoje. Não trocaria a Patrícia de hoje pela de vinte anos atrás. A minha vida é melhor hoje. Eu me sinto melhor.

Você faria plástica?
Talvez, um dia... Acho esse assunto muito chato.

Tem algum projeto já engatilhado para 2013?
Tenho projeto de cinema para o próximo ano, mas só vou começar a pensar nisso quando a novela acabar. Tenho também um projeto em mente para teatro, mas ainda é cedo para falar sobre ele. Só posso dizer que é um texto que existe, que terei que trabalhar no roteiro e que é algo que me deixa muito feliz em poder fazer.

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