18/01/2013

A maturidade de Patricia Pillar- IstoÉ Gente




A atriz, vestida pelo estilista Samuel Cirnansck, fala com carinho do ex Ciro Gomes e brinca que há 20 anos pensa em largar a profissão

Patricia Pillar. Patricia Pillar, ponto. Alguma coisa mais a dizer? Não é a primeira vez que, ao entrevistá-la, ela me desafia, me intriga e me desconcerta. Por mais gentil que Patricia seja, alegre, solar, falante, disponível, generosa, quase sempre extrovertida, ela me induz a um desconforto ambíguo, difícil de explicar, como se tudo o que aqui fosse dito a respeito de Patricia Pillar estivesse aquém da complexidade de sentimentos, emoções, ideias, dons, desejos, atitudes e convicções concentrados na criatura que, 49 anos atrás (11/1/1964), foi batizada em Brasília como Patricia Pillar.

Ou então pode ser que a inibição venha ao vê-la tão ciosa de si mesma, de sua vida, de sua biografia, que escrever qualquer coisa a respeito dela seria como invadir, mesmo pedindo licença, um espaço íntimo cujo acesso ela resguarda – não exatamente por pudor vitoriano digno de matrona de folhetim (como a falida Constância Assunção que ela encarna em Lado a Lado) – com a chave de sua integridade. Só Patricia Pillar conseguiria ser 100 por cento fiel a Patricia Pillar.

Moça de atitude, tem pânico de parecer artificial, fútil, fake – uma perua. Claro que não é nada disso. Mas ainda que se aferre com unhas e dentes à defesa de sua própria imagem, dá para perscrutar, nessa Patricia que também sabe ser de uma languidez enigmática, a fresta de algum mistério que nem sequer ela própria talvez tenha percebido. De mais a mais, certezas também podem ter prazo de validade. “Não sou arrogante, não sou rígida”, assegura. “Eu me sinto bem defendendo o que penso, mas guardo espaço para mudar de opinião.”

Patricia é linda, loira, magra, diretora de cinema (é dela o documentário sobre o brega-cult Waldick Soriano), atriz de teatro premiada (“minha casa é o palco”), estrela da Globo, ganha um salário para lá de decente (“pela dedicação e exposição que cobra da gente, devia ser muito mais”), está de bem com a vida, venceu um câncer, viveu até dezembro de 2011 uma relação apaixonada de 12 anos com um homem que chegou perto de fazê-la primeira-dama da República (por mais que odeie essa expressão “primeira-dama” e despreze o papel decorativo geralmente conferido à mulher do presidente). Está tudo certo, não está?

“Está”, ela aceita. “Só não posso, a esta altura da vida, é me permitir certas ingenuidades.” Acreditar na felicidade será uma dessas ingenuidades? Não, a felicidade é possível e Patricia consegue trazê-la para o chão do dia a dia sem qualquer solenidade. “Desprendimento, simplicidade, troca, contato, vento, música, amor…” – eis a fórmula, se é que alguma fórmula é necessária.

“Você está namorando?” – pergunto.
“Isso só diz respeito a mim” – responde, sem hostilidade, ao contrário, com um daqueles sorrisos que iluminam o rosto dela.

“Você me respondeu” – provoco.
“Não respondi nada” – de novo, com um sorriso.

“Essa cara, essa expressão, não deixam dúvida” – digo, mas logo me arrependo e me desculpo. “Comentário machista, o meu, né? Como homem fizesse bem à pele de uma mulher.”
Patricia releva a derrapada: “Vai ver que faz, sim.”

AMOR ETERNO
“Amo o Ciro para sempre”, diz Patricia. “Ele foi um companheirão quando o câncer me fragilizou não só o corpo, mas também o espírito.” Os dois se falam com frequência e Patricia continua identificando em Ciro Gomes – que no entanto parece desencantado com a política – um ideal de Brasil justo, menos desigual, “no quadro de uma visão moderna e sensível e de um jeito competente e realizador”.

Nirlando Beirão
Fotos Cristiano Madureira
Edição de Moda Samuel Cirnansck
Beleza Duda Molinos/ Caíco de Queiroz

ENTREVISTA COMPLETA: REVISTA ISTOÉ GENTE: edição do mês de janeiro e capa.


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