26/08/2012

'Não tenho necessidade de estar todo o tempo no olho do furacão', diz Patrícia Pillar


Patrícia Pillar, 48 anos, está de volta. Depois do inegável sucesso como Flora, de A Favorita (2008), ela será a aristocrática Constância Assunção, a vi...lã-mor de Lado a Lado, novela de Cláudia Lage e João Ximenes Braga que substitui Amor Eterno Amor, de Elizabeth Jhin, em setembro, no horário das 18h, na TV Globo.

É verdade que no meio disso ela fez participações especiais em Passione (2010), de Silvio de Abreu, e no seriado Divã(2011), além de estrelar um episódio da série As Brasileiras (2012) e apresentar o programa musical Som Brasil no ano passado. Mas foi a serial killer e ex-presidiária da novela de João Emanuel Carneiro, o autor de Avenida Brasil, quem lhe rendeu mais prêmios de interpretação: 15. Mais que isso: Flora de A Favorita é considerada uma das cinco melhores vilãs de novelas de todos os tempos. Por isso, a expectativa por seu retorno.

Patrícia também recebeu três prêmios como a protagonista de Zuzu Angel (2006), de Sérgio Resende. Apaixonada por cinema, como ela diz na entrevista abaixo, ela também dirigiu um documentário – Waldick Sempre no Meu Coração(2007) – e adianta que pretende se lançar agora na ficção como diretora de cinema.

A carreira desta brasiliense, recém-separada do deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), começou em 1985 ainda como apresentadora do programa de videoclipes musicais FM TV, na extinta Rede Manchete. De lá, um sucesso atrás do outro – como você pode conferir na galeria -, a começar por Roque Santeiro (1985), de Aguinaldo Silva e Dias Gomes, sua estreia em novelas. Patrícia falou com exclusividade ao E+.

Você vai fazer mais uma vilã na próxima novela das seis. É um bom exercício para uma atriz? Por que exatamente?
Ela é uma aristocrata que vê sua vida ser transformada com a chegada da República. Perde seu título de baronesa, seus escravos e suas terras perdem o valor, pois sem o trabalho escravo não consegue se manter. Conservadora não por convicção, apenas por conveniência. Falsa moralista, vaidosa, fútil e egoísta. Estas características é que me instigaram. Este temperamento que foi estimulante pra mim. Estou me divertindo com ela.

O que ela vai aprontar?
Ela não vai medir esforços para reconquistar o prestígio perdido pela família. Mesmo que seja às custas da felicidade de sua filha (personagem de Marjorie Estiano). Filha que ama, mas desconsidera sua opiniões e desejos.

Lado a Lado vai nos levar para o período da escravatura no Brasil. De que maneira é relevante falar disso hoje em dia?
A novela se passa entre 1904 e 1910, um período de muitas mudanças no Brasil. A abolição tinha acontecido fazia pouco. Fim da Monarquia, começo da República. A República que temos hoje, com suas qualidades e defeitos, nasceu ali. Como acabaram os cortiços e como os pobres foram parar no morro da Providência dando início às favelas no Rio? Como os negros foram jogados na sociedade depois da abolição? Esse é o pano de fundo da nossa história. A novela fala do nascimento da mulher moderna no Brasil. Uma filha de ex-escravos e outra filha da aristocracia. As duas lutarão por liberdade e pela emancipação da mulher. Por outro lado, Constância, representa a alta sociedade que, na época, tinha os olhos voltados para a Europa e fechados para nosso povo e nossa cultura. A novela mostra também o nascimento do samba, a capoeira, a chegada do futebol. Coisas lindas que são a base da nossa cultura hoje. Acho importante olharmos esses fatos pela perspectiva daquele momento.

Flora, de A Favorita, foi um divisor de águas em sua carreira na TV Globo, concorda? Não bateu ciúme de Adriana Esteves agora em Avenida Brasil? Aliás, acompanha a novela das 21h?
Foi sem dúvida um grande personagem na minha vida. Não tenho ciúmes não. A Adriana recebeu um grande personagem e está arrasando! Acompanho e adoro!!!

Evidentemente que há diferença de exposição entre atuar numa novela das 18h e das 21h, isso desde o ponto de vista de repercussão até o assédio de publicitários para campanhas. Isso não a incomoda?
Pelo contrário, adoro novela das 6. Não tenho necessidade de estar todo o tempo no olho do furacão. Estou satisfeita com minha vida e com meu momento.

Acredita que com o aumento de telespectadores da classe C, a saída das novelas é retratar isso em seus enredos?
Já era tempo… Retratar novos enredos, novos personagens, está fazendo muito bem às nossas novelas. Estamos num grande momento. Cordel Encantado, Cheias de Charme, Avenida Brasil… Novos autores dando uma sacudida nos temas e na maneira de se contar uma história.

O documentário sobre Waldick Soriano fez muito sucesso por onde passou. Há planos para novos projetos nessa área? Quais?
Tenho vontade de dirigir ficção.

Há uma melhor oferta de personagens para mulheres acima dos 45 anos ou a melhor coisa a ser feita agora é se autogerir como profissional?
Acho saudável que um ator não fique dependendo só de convites. Gosto de ter projetos e de fazê-los acontecer.

Você rareou sua presença no teatro e no cinema, ao menos como atriz. Por quê?
Nos últimos três anos quis diminuir o ritmo da minha vida. Viajei mais, fiz alguns cursos, li mais, fui mais ao cinema.

O que faz quando está ausente da TV? Qual sua rotina no Rio, onde vive?
Estar com os amigos, passear pela cidade com meu cachorro, cinema, show e teatro. São meus programas favoritos.

Você se separou depois de um casamento de 12 anos. O caso é particular ou isolado ou você acredita que homens e mulheres estão sem se entender como antes?
Sinceramente, não sei.

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