10/08/2011

A iG entrevista nossa querida ESTRELA

Nossa Patrícia foi entrevistada pela iG, na tarde do dia 05 de agosto, no Jardim Botânico. Lindíssima somente pra variar, com aquele sorriso que  a todos fascinam ela fala do lançamento do DVD do documentário - Waldick sempre no meu coração, também fala o que ficou da Flora,  da internet, fama, teatro...

ENTREVISTA


iG: Waldick fazia música para pobre?
PATRICIA PILLAR:
Pessoas simples se identificavam com a poesia dele. Era um cara do interior, que levava uma vida simples, e tinha quem se identificasse com aquela maneira direta de falar sobre o amor. Quando ficamos mais burgueses, perdemos a simplicidade, nos colocamos acima da onde a gente realmente esteja, ficamos bestas. Mas entendo quem não goste das músicas dele. iG: Waldick, ao ser redescoberto, virou cult?
PATRICIA PILLAR:
A música brega vem sendo redescoberta por pessoas que têm delicadeza de perceber coisas simples no valor poético. Brega é até um nome pejorativo... Não tenho este poder de transformar nada em cult. Waldick sabia o que estaria no filme, por isso não precisava que me desse uma aprovação. Sei o quanto doeu para ele.
iG: Por que esta dor?
PATRICIA PILLAR
: É um filme doído, não é uma ode ao Waldick Soriano. Assuntos para um homem velho, no fim da vida, revendo os filhos e suas relações, os ex-amores... Foi uma reavaliação de suas escolhas e suas consequências. Ainda assim, não me arrependo de nada que está ali. Não me propus a fazer uma biografia, mas quis tocar em assuntos dele que também eram meus, como sucesso, abandono e orgulho.

iG: Você pode falar um pouco sobre estes temas? De que forma lida com o sucesso?
PATRICIA PILLAR:
Poder trabalhar com as pessoas que admiro é um grande sucesso. O que mais posso querer? É claro que ter um resultado do que os bons trabalhos já me deram é ótimo. Ter uma vida tranquila, minha casa, o mínimo para ter como sobreviver já é um saldo incrível. Nunca foi prioridade trabalhar para fazer sucesso.
iG: Abandono e orgulho também te instigam?
PATRICIA PILLAR:
Orgulho tem um lado ruim. Mas gosto de me pensar uma pessoa íntegra e sentir orgulho disso. É uma palavra que confunde. Valor de integridade, orgulhar-me de quem eu sou, de ter respeito por mim mesma. Já abandono... Palavra forte! Para quem teve sucesso algum dia na vida, é muito difícil perder tudo. Aonde você chega, é tratado com certa deferência. Todo artista tem receio de perder este carinho.
iG: Como ficou sua relação com o Waldick depois das filmagens?
PATRICIA PILLAR:
Esta ligação não morreu, o acompanhei quando voltou a morar no Rio, a gente comia bolo, conversava sobre a vida, ria muito. Esta relação de afeto permaneceu mesmo quando ele ficou doente. Tem uma questão de amizade que se desenvolveu durante o processo e não acabou com o trabalho. Não sou uma pessoa invasiva. Tive dificuldade de romper certas barreiras que ele impunha. Era um cara muito gentil, mas ao mesmo tempo reticente. Foi uma dança de delicadezas. O bruto se mostrou um homem delicadíssimo. Surgiu dali uma amizade baseada na consideração.

iG: De que forma você analisa a nova geração de atores que já começa a carreira na TV, sem passar pelo teatro?
PATRICIA PILLAR:
Comecei a fazer teatro pelos assuntos que me moviam. O que eu queria eram assuntos com urgência para serem falados, discutidos, postos para fora. Fiz primeiro teatro, depois cinema e por fim TV. Queríamos ser atores, não pensávamos em ser famosos. Me interessava pela capacidade da arte de colocar em pauta assuntos que consideramos importantes. As coisas são mais imediatistas hoje em dia. Uma pessoa se torna conhecida de uma hora para outra, é uma mudança do nosso tempo.
iG: Você fala com tom de pessimismo...
PATRICIA PILLAR:
Não gosto de generalizar. Diminuiu o número de pessoas que querem ser atores porque gostam da arte de interpretar. Tem um ruído de fama no meio do processo. Antes havia mais reverência ao teatro. Hoje em dia você pega a câmera e filma. Está mais fácil você ser autor de um trabalho. Não podemos negar os ganhos que os novos tempos trazem. Um artista da periferia do Rio, com a internet, consegue falar com mais oportunidade.
iG: A internet democratiza a fama?
PATRICIA PILLAR:
Sim. Acho a internet maravilhosa por mil razões. Um rapper da periferia tem muita coisa para falar, e só consegue dar o recado com seu vídeo postado na internet. Isso não é ótimo? A Internet tira o controle e o poder da mão de três ou quatro pessoas. É um fenômeno muito rico.
iG: Você acessa mais a internet ou assiste à TV?
PATRICIA PILLAR:
Estou mais com a internet. Vejo pouco TV. Vejo novela raríssimas vezes. Até gosto, chego em casa, me jogo no sofá e assisto ao que está no ar. Mas acho que as pessoas estão tendo mais alternativas. Antigamente só tinham TV. Hoje a internet está não só na casa da gente, mas no celular.

iG: Em entrevista recente ao iG, Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, contou que Flora, sua personagem em “A Favorita”, foi censurada. Você ficou sabendo enquanto gravava a novela?
PATRICIA PILLAR:
Não fiquei sabendo dessa proibição... Por que revólver pode e faca não pode? É estranho...
iG: Qual é sua opinião sobre a classificação indicativa? Quem deve ser o responsável pelo controle do conteúdo?
PATRICIA PILLAR:
O bom senso deveria ser a melhor palavra neste sentido. Tanto a emissora deveria ter bom senso de colocar coisas apropriadas ao horário, quanto os pais deveriam ter bom senso de não deixar que os filhos assistam a certas coisas. Censura é um precedente que não aceitamos mais. Mas o controle deve partir da própria emissora, que tem uma responsabilidade social.
iG: Você já disse que fica com alguma coisa dos personagens depois que acaba um trabalho. O que ficou da Flora?
PATRICIA PILLAR:
Comecei a fazer boxe quando estava compondo a personagem. Tenho feito menos porque dei um jeito na lombar, mas adoro boxe. Tenho um professor maravilhoso, ele vai em casa. Não sou aquele tipo de pessoa que persegue boxe para ter um braço definido. Sorry! O principal é ter saúde, estar em dia com sua vida, feliz, cuidar das amizades e de você mesmo.
iG: Já pensa em dirigir um outro filme?
PATRICIA PILLAR:
Sempre tive vontade de dirigir uma ficção, mas me apaixonei pela história do Waldick e fui fazer o documentário. Não sou uma diretora de carreira, sou atriz. Mas quando me apaixonar de novo por outra história, pode ser que eu tente realizar.
iG: Dirigiria um documentário sobre a vida política de Ciro Gomes?
PATRICIA PILLAR:
Nunca pensei nisso.

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