Falsa moralista- Atriz vive mais um momento como vilã na telinha. Depois do
sucesso de Flora em A favorita, rouba a cena como Constância, mulher autoritária
de Lado a lado
Depois de uma temporada longe das novelas, Patrícia Pillar brilha mais uma vez
na pele da antagonista de Lado a lado, da Rede Globo. A atriz, que já trabalhou
em tramas do mesmo segmento, como Salomé, Sinhá Moça e Cabocla, diz ser fã de
folhetins de época. Defendendo a personagem Constância, uma mulher sem limites,
autoritária e falsa moralista, Patrícia afirma que não há comparação com Flora,
sua última vilã e personagem de A favorita, já que o trabalho é completamente
diferente. Aos 48 anos, a atriz entrega que, para estar bem, mantém hábitos
saudáveis à mesa e não dispensa uma corrida ao ar livre para mandar embora a
preguiça e também as calorias.
Você é uma atriz experiente, com
27 anos de carreira e papéis importantes na televisão. Quando recebe um convite
de trabalho, o que realmente faz você aceitá-lo?
Uma coisa
interessante é a novela ter assunto, ter o que dizer. Em Lado a lado, há um
pensamento que existe até hoje, isso é que é interessante. Gosto de bons
personagens. Os personagens existem para que a gente deseje ou não ser como
eles, para que a gente reflita sobre os comportamentos. Acho que a gente tem
tudo isso. Essa novela fala muito do nascimento da mulher moderna. A Constância
representa o nascimento de uma parte da nossa elite, não toda, mas a parte
egoísta, que não tem sensibilidade social e existe até hoje. Pessoas que querem
resolver tudo da sua forma. Fora isso, existe a parte cultural, que é o
nascimento do futebol, o samba, a capoeira, o morro, a favela, tudo que
construiu o nosso povo. Então, acho que tem um assunto rico, com personagens
bem- elaborados representando a nossa história e, ao mesmo tempo, o nosso
presente. É a fundação da sociedade que a gente tem hoje, é a
República.
Depois do sucesso de Flora, em A favorita, mais uma
vez você vive uma vilã. Como é fazer uma personagem má depois da personagem da
trama de João Emanuel Carneiro?
Não acho a Constância essencialmente
má. Ela luta por coisas que não consegue mais conter, que é o pensamento da
filha em relação a querer estudar, a querer trabalhar. Quanto a voltar a fazer
outra antagonista seguida, sinceramente, não penso nisso quando vou escolher
personagem. A não ser eu a pessoa que está fazendo, elas não têm nada em comum.
Não faço cálculos de tempo para desassociar uma da outra. Se essa novela tivesse
aparecido logo depois, talvez eu tivesse aceitado. Gostei desse
papel.
É verdade que até o fim da novela Constância vai disparar
um verdadeiro arsenal de maldades?
Tudo o que ela faz, apesar de
serem coisas bem erradas, é pela união da família. É para conseguir uma boa
posição para o marido, por interesse, para ele continuar sendo importante. Não
estou aqui a defendendo, mas todos os personagens são defensáveis. Alguns não
aceito, mas tenho que compreendê-los. A Constância, por exemplo, vive em uma
época em que a sociedade era machista e ela é machista também. Na cabeça dela, o
homem pode tudo e a mulher não. Ela quer que os filhos sejam felizes da maneira
que ela acha certa. E aí é que está o engano dela. Mães erram também,
né?
Ela tem uma visão bem fechada, obtusa e bem conservadora. Se
você tivesse vivido na época da novela, com qual perfil de personagem você mais
se identifica? Qual delas você seria?
Sem dúvida, eu, Patrícia,
seria a Laura ou a Isabel (risos).
Constância prega tanto a moralidade e teve
um caso com Bonifácio (Cássio Gabus Mendes).
Ela teve uma relação com o
Bonifácio também por interesse e também porque queria. Trata-se de uma falsa
moralista. É uma moralista que está a serviço de tudo, menos da moralidade. Ela
cobra tanto da filha, Laura. Tem horror do divórcio da filha e faz de tudo para
conseguir uma boa noiva para o filho. Bem, como diria o Veríssimo (escritor,
Luís Fernando Veríssimo): ‘O falso moralista é o mais
inescrupuloso’.
Você fez as novelas de época Salomé, Cabocla e
Sinhá Moça. Você gosta de dar vida a personagens em tramas
assim?
Adoro. Essa, por exemplo, trata-se de uma ex-baronesa, o que
muda tudo. Essa é da cidade e perdeu tudo. Tem o fim da escravidão e ela não tem
mais empregada. É uma família em declínio financeiro e isso os desestrutura
completamente. É uma delícia quando tem uma caracterização forte para a gente
conhecer como eram as coisas na época. Levo, em média, uma hora e 30 minutos
para ficar pronta. As roupas têm muitas camadas, algumas têm 12 tipos de rendas.
É incrível. Tem o espartilho, anágua, saia e tule. Os tecidos são leves, o que
faz parte da linguagem para não nos deixar muito presos.
Sua
última novela inteira foi A favorita. Depois, você fez algumas participações
especiais. Você é aquele tipo de atriz que se preocupa em descansar a imagem e
evita fazer um folhetim atrás do outro?
Em geral, não faço uma
novela atrás da outra. Gosto de fazer outras coisas. Depois de A favorita, fiz
várias participações, como em Passione, os dois primeiros capítulos de Divã e a
série As brasileiras. É importante para o artista variar. Tem projetos que estou
namorando no cinema, mas meu tempo é lento. Estou fazendo tudo com
calma.
Você está com 48 anos e um corpo em forma. Qual o segredo
para manter as medidas no lugar?
Atualmente, estou gostando de
correr. Pratico a corrida mais em lugares ao ar livre. Isso quando dá tempo.
Ainda faço um pouco de alongamento e RPG para cuidar da coluna. No mais, é ter
cuidado com a alimentação. Adoro as comidas orgânicas, mas isso não quer dizer
que sou uma atriz radical. Como de tudo, desde batata frita até tutu de feijão.
Adoro! Só não pode ser todo dia.
ENTREVISTA: Diário de Pernambuco.
06/01/2013
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