26/08/2012

De volta à TV, Patrícia Pillar se prepara para interpretar nova vilã


Patrícia Pillar está de volta à TV para dar vida a outra vilã ficcional. Depois de tremer o horário nobre com a "serial killer" Flora, de "A Favorita" (páreo duro para a ...Carminha, de "Avenida Brasil"), a atriz estreia, no dia 10 setembro, a novela das seis "Lado a Lado" na pele de Constância, baronesa carioca que vê com ressalvas a instauração da República no Rio de Janeiro da virada do século 20.

"Ela é a cara de uma elite que existe até hoje, sem senso público e nenhuma responsabilidade social." Foram quase quatro anos afastada dos folhetins -não por acaso, mas de caso pensado. "Escolho meus papéis e realmente só trabalho quando gosto do projeto. Não acho saudável emendar um trabalho no outro. Não consigo fazer o que eu não quero", diz.

DO PROJAC PARA O MUNDO

Conhecê-la é um choque de normalidade. Aviso aos fãs que a estrela só brilha do Projac para dentro. Do lado de cá, o lado de fora, Patrícia poderia ser a sua prima de Brasília ou a minha irmã por parte de pai, que aparece de vez em quando para lembrar da tia enferma que já não distingue cachorro de chaleira.

Ela faz o café, traz a bandeja e quebra qualquer sintoma de acanhamento trazido no primeiro contato. Começa a conversa com um sorriso do tamanho do Jardim Botânico, onde morava sozinha até cinco meses atrás. Está apaixonada por Godot, que (ela ainda não sabe) em tempo recorde vai se tornar o dono da casa.

Ainda dormem em camas separadas, mas ela deve ceder. Não vai resistir aos encantos do Whippet de pelo branco e olhos cor de jabuticaba que chegou para "trazer um pouco de caos" e bagunçar o seu coreto bem arrumado, coisa de quem nasceu sob signo de terra. "Ele já comeu um livro do [Oscar] Niemeyer e adora essa poltrona do Sergio Rodrigues."

Bom gosto o bicho tem. A dona também, mas é o que menos importa na construção de seu personagem real. A última coisa em que se pensa ao estar de frente para Patrícia é no que ela veste ou no que ela faz para cuidar da pele, do cabelo, sei lá, da forma física. Alguma coisa deve fazer, mas perguntar para quê se a resposta tem de ser a mesma? É quase cláusula contratual dizer que "precisa se cuidar para estar bem na televisão". Poupemos ela, então. E partimos para outra direção.

Está solteira, diz que sim. Mas encerra o assunto aí. Fica claro que não vai levar a público sua vida privada. Nunca o fez e não vê motivo algum para mudar de ideia nessa altura do campeonato. Até porque ela chegou onde queria chegar sem precisar de nu artístico para realizar o sonho da casa própria -"nada contra, só não tenho essa leveza para fazer"- nem vender detergente para ganhar apoio cultural em peça de teatro ou projeto de curta experimental.

Fez-se sozinha a filha de um oficial da Marinha que, era uma vez, decidiu ser atriz quando todas ainda queriam ser miss. Foi para o mítico Tablado aos 16 anos e, aos 21, já era mocinha da novela das oito. Deu a largada em "Roque Santeiro" e não parou mais. A pausa, uma única, em 2001, foi para tratar de um câncer na mama, que dividiu com a plateia fazendo uso mais que devido de sua imagem. Protagonizou campanhas de prevenção, incentivou as mulheres a fazer o autoexame e pronto, sem mais.

O problema é assunto prescrito, estender-se nele seria de um retrocesso tremendo. "Amigos e um bom médico", como disse, ajudaram na cura.

Não recorreu a tratamentos espirituais até porque não acredita em nada, não -mas não duvida da fé. "Sou cética e racional. Gosto de rezar e só."

ANTISSOCIAL VIRTUAL

Sobre o passado com Ciro Gomes, com quem foi casada por 12 anos, também não vai muito além. "Ele foi meu parceiro de ideias, é até hoje. Acho que ele fez muita falta na campanha passada." Patrícia não chega a ser exatamente fechada, mas está longe de fazer da vida um livro aberto. "Minha rotina não tem nada demais, não entendo por que o fato de ir a uma banca de jornal pode interessar a alguém."

Existe um equilíbrio racional ali, de conceder as respostas precisas quando a conversa se dá em tom de entrevista. Quando é bate-papo, assim, de sofá e café, fala de tudo. Mas na vida real. Na virtual, é antissocial de marca maior: tem oito amigos no Facebook e nunca se lembra de entrar. Sai pouco à noite, elege os lugares que frequenta e, principalmente, com quem, assim como escolhe as palavras certas para não correr risco algum de ser mal interpretada.

Depois de Ciro, não houve ninguém. Antes dele, também não. Quer dizer, não que alguém tenha visto ou comentado. Pois é difícil encontrá-la no restaurante da vez ou na festa do mês. Para quem quiser vê-la, mesmo, só na novela das seis. Ou na lagoa Rodrigo de Freitas, onde Godot faz seu xixi matinal.

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